Efeito colateral da pandemia e da rotina moderna, o processo de digitalização das operações logísticas segue atraindo capital. A logtech Estoca acaba de levantar US$ 6,1 milhões numa rodada liderada pela Astella, com participação do family office sul-coreano Irongrey e do FJ Labs, fundo sediado em Nova York que já investiu em Alibaba, Coupang e Rappi. Antigos investidores da startup, como Canary e Marathon, acompanharam em follow-on.
“A operação surgiu da minha experiência e do meu sócio, trabalhando em empresas como Uber e Rappi. Participamos ativamente da expansão do Eats no Brasil e ali entendemos como o tempo de entrega influencia na decisão de compra pelo consumidor. A gente quis extrapolar isso para o e-commerce”, conta Caio Almeida, que fundou a startup com Rodrigo Cava. “Vimos uma grande oportunidade de automação nesse setor, mas já existiam várias iniciativas de last mile. Nós, focamos no ponta a ponta.”
A Estoca atua hoje como um integrador logístico, desde o estoque até a entrega para o cliente final. Boa parte dos processos já é automatizada, permitindo que a a equipe dê mais atenção a etapas de customização e controle de qualidade. Os serviços e produtos incluem embalagens personalizadas, com a logomarca dos clientes, papel de seda no interior do pacote e outros acabamentos — um desafio na larga escala.
Um dos segmentos que ganharam destaque na logtech foi o de perfumaria. Na parceria da Adventures com a GL Embaixador, do cantor Gusttavo Lima, e com a Lood, de Ludmilla, os produtos são distribuídos pela Estoca. São cerca de 50 clientes no portfólio atual, a maioria no varejo de vestuário, com marcas como como Dafiti, Insider, Yuool, Basico&Co. Nascida poucos dias antes do estouro da pandemia, a logtech teve que se esforçar para convencer a potencial clientela.
“No começo foi um baque. A gente tinha acabado de começar a empreender, um mês depois ninguém sabia o que seria. Foi difícil convencer a turma a vir, os varejistas não queriam movimentar nada naquele momento, mas o crescimento do e-commerce foi muito maior do que a gente imaginava e isso deu aquele empurrão”, lembra Almeida.
O pré-seed da Canary ajudou. Além disso, a Estoca teve o cheque e o apoio moral de investidores-anjo como Fabien Mendez, fundador da Loggi e Andres Bilbao, da Rappi, além da Y Combinator. A Estoca não revela, no entanto, o total já levantado e também não abre dados sobre seu balanço, mas afirma que o faturamento se multiplicou por cinco no ano passado.
Com o novo cheque, a startup quer expandir a operação, hoje concentrada em São Paulo, com um CD em Extrema, Minas Gerais. Almeida, que é baiano, quer que a experiência de entrega de pedidos online seja tão boa no Nordeste como é no Sul e Sudeste muito em breve. O aporte também vai permitir a contratação de pessoal para desenvolver produtos e serviços, como a auditoria de frete. Em 2023, a Estoca quer multiplicar por seis o faturamento.
Matéria: Logtech Estoca atrai US$ 6 milhões da Astella, FJ Labs e family office coreano – Pipeline